A AAEA (Associação Angolana para Educação de Adultos) participou, no passado dia 22 de Maio, do segundo webinar internacional promovido pela plataforma MOJA — Adult Education Africa, onde partilhou os resultados e desafios na aplicação da metodologia REFLECT/APLICA no contexto angolano numa apresentação conduzida por Altino Nunes, técnico da AAEA, que conduziu o pitch institucional da organização. Assista ao webinar aqui.
A série de webinares organizada pela MOJA lusófono, voltada para profissionais e académicos de educação de adultos e jovens em África, teve como tema central “Abordagens no Campo da Educação de Adultos e Jovens” e contou também com a participação da organização moçambicana Tenderness And Love (TAL), que com a intervenção de Priscila Sitole, apresentou experiências sobre alfabetização e empoderamento de mulheres em Moçambique.
Durante a sua intervenção, Altino Nunes contextualizou os obstáculos históricos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) em Angola, marcados por altos índices de analfabetismo, desigualdades sociais e limitações infraestruturais. Segundo o técnico, a alfabetização é um direito humano essencial e ferramenta estratégica para o desenvolvimento económico e inclusão social.
A metodologia REFLECT, sigla de Regenerated Freirean Literacy through Empowering Community Techniques (Alfabetização Freiriana Regenerada através das Técnicas de Potencialização Comunitária), foi introduzida no país na década de 1990 pela DVV Internacional (Insituto Alemão para Educação de Adultos), tendo a AAEA assumido a liderança da sua implementação em 2010, após o encerramento do escritório e do financiamento directo da DVV. Posteriormente, a abordagem foi adaptada e passou a chamar-se APLICA (Alfabetização Participativa Libertadora Instrumentada por Comunidades Actuantes), integrando-se oficialmente ao sistema educativo angolano.
Entre 2003 e 2024, cerca de 53.000 jovens e adultos foram alfabetizados pela AAEA através desta metodologia. A associação manteve no passado parcerias estratégicas com organizações internacionais como a OXFAM GB, Ajuda Popular da Noruega e OSISA, o que permitiu na altura fazer a integração da metodologia em programas de segurança alimentar, saúde e exercício de cidadania.
Apesar dos avanços, Nunes destacou obstáculos como a falta de infraestruturas para módulos de alfabetização, resistência institucional e necessidade de formação contínua de facilitadores. Como estratégias de superação, a AAEA tem investido na produção de materiais pedagógicos contextualizados e no fortalecimento de redes comunitárias.
A participação da AAEA neste webinar internacional reforça o seu compromisso em partilhar boas práticas e integrar o processo de dinamização do MOJA lusófono, para reforçar a cooperação para o fortalecimento das redes africanas de cooperação para o fortalecimento da educação não formal e da cidadania activa.
